Academia Cachoeirense de Letras

Exatos 100 anos depois da primeira iniciativa de criação de uma entidade voltada para incentivo, fruição e desenvolvimento da literatura em Cachoeira, nasce a Academia Cachoeirense de Letras – ACL.

Em 30 de setembro de 1921, surgiu o Centro de Cultura Literária Marcelo Gama, inicialmente chamado de Hora Literária, sucedido agora pela Academia que em alusão e reconhecimento à iniciativa dos beletristas do passado, cem anos depois escolheu a mesma data para empossar sua primeira diretoria.

Ata de fundação do Centro de Cultura Literária Marcelo Gama – 30/9/1921 – Arquivo Histórico

Naquele distante 30 de setembro de 1921 cerca de vinte homens se reuniram na sede da Associação Comercial, então abrigada na casa da família Coelho Leal, depois União de Moços Católicos, na Rua Sete de Setembro, quando decidiram homenagear como patrono da entidade voltada para as letras e as artes o grande poeta Marcelo Gama. Por sugestão de um dos fundadores, foi escolhida como presidente honorária a professora e escritora Cândida Fortes Brandão. Como se vê, um grupo de homens, há 100 anos, soube reconhecer e reverenciar o trabalho literário de uma mulher.

            Da reunião de 30 de setembro de 1921, saiu eleita a primeira diretoria do Centro de Cultura Literária Marcelo Gama, presidida por Virgilio Carvalho de Abreu. Eram membros da diretoria:

Presidente – Virgilio C. de Abreu

            1º Vice-Presidente – Ernesto Barros

            2º Vice-Presidente – Aracy A. Pereira

            1º Secretário – José Neves da Fontoura

            2º Secretário – Arlindo Sampaio

            Tesoureiro – Paulo Gouvêa

            Bibliotecário – Anacreonte A. Araujo

            Dessa primeira e histórica diretoria chegam até nós os ecos das obras de Virgilio C. de Abreu, jornalista que escreveu em diversos periódicos locais, marcando definitivamente sua participação na área das letras como fundador, com Mário Godoy Ilha, do Jornal do Povo. Também o advogado Ernesto da Silva Barros, 1º Vice-Presidente, que se notabilizou pelo apelo feito à comunidade cachoeirense para erguimento do primeiro hospital, através do artigo “Apelo aos corações generosos”, no jornal O Commercio em 1903. Poeta, cronista e teatrólogo, Ernesto Barros escrevia com regularidade no mesmo jornal uma coluna intitulada “Caraguatás”, em que traçava aspectos do cotidiano e dos costumes de seu tempo de forma divertida e satírica. O 1º secretário, José Neves da Fontoura, era irmão do destacado João Neves da Fontoura e o tesoureiro, Paulo Gouvêa, jornalista, cronista do Correio do Povo e redator do jornal cachoeirense O Filme, de 1920. Cândida Fortes Brandão, a presidente honorária, foi pioneira dentre as literatas cachoeirenses, publicando poemas e artigos na imprensa local a partir de 1900.

            A duração do Centro de Cultura Literária Marcelo Gama foi curta, mas profícua. De sua organização brotaram ações que promoveram conferências com escritores, concursos literários e outras atividades que serviram de vitrine para os diversos talentos que a Cachoeira dos anos 1920 produziu.

            A novel Academia Cachoeirense de Letras, imbuída dos mesmos relevantes propósitos, não poderia deixar de escolher entre seus patronos, ou seja, os titulares das cadeiras de literatos, nomes que fundaram o Centro de Cultura Literária, compuseram sua primeira diretoria e seguiram fazendo história na literatura. São titulares das cadeiras: número 14 – Cândida Fortes Brandão; número 18 – Ernesto da Silva Barros; número 28 – Marcelo Gama e número 35 – Paulo Gouvêa. Os demais patronos, que somados aos citados perfazem um total de 45 nomes, representam as letras cachoeirenses em diversas modalidades, ou seja, são poetas, cronistas, romancistas, contistas, novelistas, jornalistas, historiadores, memorialistas e ativistas culturais.

A ACL será presidida pelo professor, advogado e escritor Mildo Léo Fenner e tem como patrono e titular da cadeira nº 1, o advogado, político e escritor João Neves da Fontoura.

Cachoeira do Sul, com sua tradição na cultura e sua pluralidade de manifestações, sejam elas eruditas ou populares, abre espaço para valorizar o signo que une, interage, traduz e registra nosso mundo: a língua portuguesa.

Mirian R. M. Ritzel.

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