Educação, por gentileza

A Organização Mundial da Saúde enfim decretou a virada de chave na convivência coletiva entre os seres humanos, o status de pandemia agora é coisa do passado, para os livros de História. Foi um período muito longo e estressante, em que a empatia humana esteve à prova. Em vários momentos a falta de educação de algumas pessoas ficou muito evidente nas relações pessoais. Num determinado momento, as lotéricas começaram a atender através de agendamento prévio, para evitar aglomerações e impedir que o vírus circulasse em grande escala. Um certo dia agendei para às 14h um atendimento na lotérica da Av. Brasil, próximo às três redes de supermercados. Como moro perto, saí de casa a passos largos às 13h55min. Chegando ao local uma atendente com um caderno na mão organizava a fila para o ingresso dos clientra no estabelecimento. Quando perguntou para um senhor o seu nome e não o encontrou na lista quis saber o horário para o qual havia agendado, ele respondeu: “Para às 15h”. Ela então indagou o motivo dele ter chegado tão cedo. “Eu chego a hora que quiser!”, respondeu em alto tom de voz. Mantendo a educação, apesar do momento difícil ela sugeriu: ” Então o senhor espera ali do lado, que aqui está o pessoal das 14h, e apontou para a lateral da agência, que dá acesso para um empresa de reciclagem. “Eu espero onde eu quiser! Se eu quiser espero até ali no meio da Rua!”, respondeu aos gritos.
Trabalhar atendendo o povo é uma das tarefas mais ingratas que existem, as pessoas têm formação que as distinguem umas das outras, as personalidades são diferentes, o nível educacional obedece a padrões bem controversos.
Me recordo de ter presenciado uma briga no interior do Banrisul do Centro vários anos atrás, e foi por causa de uma posição na fila. Um senhor gritava de dedo em riste, precisou ser removido para fora pela equipe de segurança. Alguns dias depois eu estava num açougue da zona norte da cidade, à espera na fila para chegar a minha vez. De repente escutei a voz de uma pessoa atrás de mim, ela resmungava: “Olha que porcaria aquela linguiça, chega estar escura.” Me virei para ver o autor da fala e me deu vontade de rir, era o mesmo senhor que havia brigado dentro do banco dias atrás.
A boa educação é vista nos pequenos detalhes. Ela não obedece necessariamente à métrica dos anos vividos nos bancos escolares. Eu nos últimos meses incorporei uma outra frase quando encontro amigos que não vejo há tempos, ao me despedir digo: “Fiquei feliz em lhe ver”. Não custa nada, faz bem para o nosso coração e a pessoa se sente amada.

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