Nascida Freguesia de São Nicolau da Cachoeira de São José, em 1779, Cachoeira do Sul tem passado glorioso que, certamente lhe garantirá futuro promissor. Quando os críticos da crise de desenvolvimento ficam contra a parede, logo jogam tudo na Metade Sul, como porção em grande parte do Bioma Pampa e no latifúndio. Ledo engano. Ao longo do século XX o RS ostentou a 3ª economia do Brasil, não obstante com capitalismo dependente. Ocorre que o isolamento se instalou de mansinho, fenômeno muito típico de política contida. As mais diversas regiões não dialogam. Não sabemos como cresce a região nordeste, esta não sabe o que ocorre na depressão central, Planalto e Missões não sabem como vivem seus irmãos da zona sul, mesmo compartilhando idênticas atividades econômicas em muitos casos. Do mesmo modo, a indústria da zona metropolitana de Porto Alegre só é vista rapidamente pela televisão, rádio ou mídia impressa. Nossa economia agroexportadora tem boa dimensão, o mesmo ocorre nas zonas comerciais e coloniais do Vale do Taquari, como fenômeno visto à distância pela sociedade. Em 40 anos a cultura de alimentos coloniais cresceu no Estado de maneira pujante, época (1930-1940) em que o mercado brasileiro esteve retraído com as importações como critério de proteção interna. A realidade se modificou com o surto industrial mesmo tardio. O Polo Petroquímico em Triunfo foi um marco. Não há demérito vivermos na metade Sul do RS, aqui estão três potentes Universidades Federais. A UFSM possui área de 1863 hectares no Campus Central e 240 mil m² de área edificada. Para quem é do campo, a área é de 21 quadras de sesmarias, o que identifica muito bem a visão do seu idealizador. Juntam-se a ela, a Universidade Federal de Pelotas, a FURG em Rio Grande e o Porto de Rio Grande, o 2º do Brasil. A expansão da vinicultura na campanha gaúcha cresce sem parar. Então, precisamos entender nossa vocação para a indústria de transformação compatível com nosso meio e realidade. Não atrairemos por certo uma montadora de veículos, Caxias do Sul poderá fazê-lo, ainda mais se for construído o Porto em Arroio do Sal, idealizado por Dom Pedro II no século XIX. Todavia, atrairemos indústrias de alimentos, e algo para aproveitamento da casca do arroz. Já há indícios da atração de indústrias sem chaminés por aqui, as Universidades, duas públicas e uma privada. As Universidades não podem viver isoladas na medida em que o saber e o ensino só terão vida se compartilhados. As novas tecnologias criadas devem deixar os laboratórios nos setores de pesquisa e extensão para formarem pontes de combate ao isolamento regional e até micro regional!
Vivo na Metade Sul, e daí?
