ANALFABETOS FUNCIONAIS
É verdade que o número de pessoas que não sabem ler ou escrever é bem menor hoje do que já foi no passado. No entanto, há um número ainda assustador de analfabetos funcionais, os que sabem ler e escrever, mas possuem uma pequena capacidade de compreensão do pouco que leem.
O governo do estado busca incentivar, educadores e alunos, a engajar-se em um projeto que tem como objetivo reduzir o analfabetismo, oferecendo-lhes dinheiro.
Entendo que toda tentativa de aproximar o cidadão dos livros é válida, mas oferecer dinheiro para que esse aluno se interesse pela leitura sem saber qual é mesmo as suas dificuldades é achar que o dinheiro pode comprar tudo e, definitivamente não pode, nem mesmo quem dele muito precisa.
Estudos recentes comprovam que as principais causas (aproximadamente 75%) da evasão escolar, reprovação ou na dificuldade de aprendizagem dos alunos estão relacionados aos problemas visuais.
Os prejuízos de uma pessoa que possui um sistema visual ineficiente, mais do que dificuldades em enxergar, seus problemas são de concentração, de memorização e consequente desinteresse pela leitura.
Os olhos são para ver e a visão para compreender. Mais do que ver 100% é preciso possuir um sistema visual eficaz. Em uma avaliação visual a acuidade não é, muitas vezes, o mais importante.
Observar outras habilidades do complexo sistema visual tais como: vergências, acomodação e binocularidade são determinantes no processo da aprendizagem de qualquer pessoa.
As autoridades públicas, em especial as responsáveis pela educação, preocupadas com o melhor aproveitamento dos alunos em salas de aula, precisam entender e com urgência que é impossível um jovem desenvolver o seu potencial máximo, dependendo das ametropias que possui, oferecendo- lhes dinheiro tão somente.
Como grande parte dos problemas visuais são assintomáticos e invisíveis, essas crianças sofrem em silêncio. Nas escolas ou até mesmo em casa esses jovens sofrem bullying do tipo: desinteressados, preguiçosos, burros ou até mesmo de vagabundos são acusados, como eu mesmo já presenciei dentro do meu consultório.
Precisamos, nós profissionais de saúde, professores e pais, exigir das autoridades que as nossas crianças sejam todas examinadas, não apenas aquelas que reclamam, e por profissionais com formação para identificar essas disfunções oculares, não patológicas, mas determinantes nesse processo de aprendizagem e desenvolvimento neurológico.
Uma ótima semana a todos.
Abraços.
Analfabetos funcionais
