Alguns meses atrás por volta das 22h30min eu vinha caminhando pela Av. Brasil junto com minha esposa no sentido Centro/bairro quando de repente surgiu uma raposa que ia fazer uma tentativa de atravessar a rua em direção ao Asilo Nossa Senhora da Medianeira, que possui um jardim frontal arborizado. Ao perceber nossa aproximação ela retornou para o local de onde havia saído e sumiu na escuridão noturna.
Várias espécies que deveriam estar em um habitat distante da ocupação humana estão entre nós por conta da devastação das matas, elas pagam um preço muito caro por isso: a própria vida. Em 2019 foi um ouriço que apareceu em minha casa à noite, ele foi atacado pelo cachorro que cuida o pátio, ejetou seus espinhos como defesa e fugiu. Duas quadras adiante não teve a mesma sorte, encontrou a morte ao tentar se defender de um cachorro de rua nas cercanias da Escola Diva Costa Fachin. O desequilíbrio ambiental faz com que esses animais estejam entre nós justamente por conta da pulverização dos locais onde por natureza deveriam viver.
A região da cidade onde moro passou por uma grande reformulação nas últimas décadas, a zona norte dos anos oitenta tinha um ar brejeiro, dificilmente se encontrava alguma residência onde não houvessem árvores. Felizmente as árvores resistem ao tempo na geografia da cidade, muitas delas são mais velhas do que nós, alguns exemplares inclusive continuarão por aqui após nossa partida para testemunhar a continuidade da história.
Trago lembrança dos vaga-lumes e borboletas que enfeitavam nossos verões por aqui, de minha parte há um sentimento de saudade pelo que se foi, aquele romantismo morreu. Os vaga-lumes sumiram, e as noites de verão nunca mais foram as mesmas. Raramente aparecem borboletas, me recordo com especial carinho das azuis, elas eram raras, esplendorosas e belíssimas. As asas das borboletas traziam um mosaico de cores que somente Deus poderia proporcionar algo tão perfeito e exuberante. As azuis traziam um sinal de esperança que por ora não nos pertence mais.
As borboletas azuis
