O rio de Gravataí

Consabido, para discorrermos sobre a democracia, precisamos saber do significado do totalitarismo que é o inverso dela. Nos regimes totalitários as eleições não são livres e as liberdades não existem, a censura está presente em todos os setores da sociedade, a liberdade de culto desaparece e o Estado passa a considerar dois inimigos, o povo como perigo interno e os demais Estados como ameaça constante, salvo aliados. O Estado de Direito é aparência, e o culto à personalidade do líder estará em todos os cantos. Todavia a própria cultura, salvo exceções, estimula o espírito democrático, está na raiz civilizatória a liberdade como valor inalienável. Para exemplificarmos, atualmente no topo da ordem democrática a Noruega, Islândia e a Suécia. Nas últimas colocações como países totalitários, O Chade, a Síria (em Guerra Civil) e a Coréia do Norte em corrida armamentista. Logo depois estão Canadá, França, Espanha, Nova Zelândia e o Uruguai. São dados da prestigiada publicação The Economist em detida análise e pesquisa. O Brasil está ainda prejudicado pelas históricas instabilidades e golpes de Estado. Porém, nos últimos 30 anos com o advento da Constituição de 1988 fomos elevados a excelente patamar graças ao documento elaborado pela última Assembléia Nacional Constituinte. Houve saltos indiscutivelmente na área da saúde (SUS) na educação (programas de acesso às universidades), consolidação do Agronegócio como fenômeno de exportação, fortalecimento da agricultura familiar que produz para a mesa do brasileiro. Na área industrial espera-se revitalização, para isso está na educação o trunfo. A partir dela deverá incentivo à pesquisa com repercussão direta na tecnologia e na inovação. Nossa democracia precisa evoluir, ainda possuímos um nível baixo de cultura política, desigualdade social gritante, desemprego entre outros elementos. A democracia cobra bom preço e não combina, por exemplo, com a violência. Ela acabou na Grécia, seu berço, com uma guerra, a do Peleponeso, voltando a ser governada por uma oligarquia. E naquele tempo, século V a. C., os atenienses chegaram a imaginar que a filosofia seria uma das responsáveis pela vitória da armamentista de Esparta. No mundo atual, ser democrata é entender a diferença entre religião e ciência, a primeira apegada aos dogmas e na autoridade, a segunda se baseia na experiência e na razão. Ser democrata é estar atento a questão ambiental. O drama do Rio Gravataí é exemplo do absurdo erro do ser humano que insiste ver seus próprios mananciais como lixões. A questão ambiental coloca em risco a própria soberania. Acredito que a genialidade portuguesa ao ganhar os “mares nunca dantes navegados”, na expressão da maior figura da literatura lusófona (Luis Vaz de Camões) e nos entregar território com dimensão extraordinária, defesa da soberania é questão de vigilância permanente. Não vejo outra alternativa que não pela via democrática. A soberania sempre estará ameaçada com sutileza. No mundo atual será preciso entender a eterna ambição norte-americana, a elevação da China, o potencial russo e a decadência da Europa. Todo o cuidado será pouco quando a ONU dá sinais de fragilidade como um dia a Sociedade das Nações sucumbiu ante a substituição hegemônica da época.

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