A vida e as pequenas despedidas

Por lei, as crianças precisam ter “apetrechos” de segurança dentro do carro.
Ao todo são três níveis de cadeiras:
O bebê conforto, aquele trambolhão que por um mistério cósmico parece que tu estás carregando um filhote de elefante. Depois passamos para a cadeirinha, parece inofensiva mas ocupa um lugar para duas pessoas adultas dentro do carro. E por fim, chegamos ao último nível: o assento de elevação.
A Ana chegou ao último nível no reino das cadeirinhas. Isso para uma mãe é ok, tranquilo, ou que lindo que tá crescendo. Mas para uma mãe é mais um cristalzinho para o baú das memórias. Confesso, fiquei arrasada com a troca, foi o sinal claro do crescimento.
Coincidentemente na mesma semana que nos despedimos da cadeirinha, ela largou a mamadeira e passou a dormir a noite toda no seu quarto e… pior…. bem pior….
Entrou para o ÚLTIMO ANO NA EDUCAÇÃO INFANTIL. E sinceramente, eu não estou nada pronta para me despedir do corredor da educação infantil e subir a escada do primeiro ano.
Muitas despedidas para uma mãe. E eu que achava que a maternidade era um mundo de descobertas, estou encontrando um novo caminho, o das despedidas. O problema das despedidas é que cada novo grito de independência é que me torno um pouco mais dispensável.
Vamos nos despedimos de objetos e de momentos. As “primeiras vezes compartilhadas” vão ficando cada vez mais escassas e os passos da independência são cada vez mais largos.
Hoje entendo a premissa da maternidade “as noites são longas, mas os anos curtos.”
Que possamos aproveitar e agradecer cada oportunidade de instantes juntos. E minha caixa de memórias vai aos poucos se tornando um baú, largo, espaçoso e esperançoso por incríveis joias de memórias afetivas futuras. E que ela sempre saiba para onde e para quem voltar.
Adeus cadeirinha. Tivemos bons momentos juntos, o carro ficou mais espaçoso mas meu coração mais apertadinho. Bem vinda as novas fases. Que estejamos prontos para entender que a vida é uma constante despedida do momento que estamos e do que somos no agora.