Na sexta-feira à noite quando fui largar o lixo doméstico no contêiner aqui em frente da casa onde moro percebi que pela rua cruzava um amigo de longa data, ele inclusive foi nosso parceiro dos jogos de futebol durante nossa meninice. Crescemos, cada um foi seguir sua vida. Porém, vários anos depois o reencontrei no cotidiano da cidade, havia se transformado num mendigo desses que colhem em meio aos detritos até algo para saciar suas fomes. Foi um grande impacto, a imagem que eu trazia era do menino altivo, bem alinhado e com cuidados básicos da higiene pessoal. Através do relato de outro amigo soube que ele se perdeu ao longo dos anos, afundou no mundo das drogas e pouco pôde produzir de positivo para que pudesse gozar de uma vida mais digna e próspera. Quando o vejo naquelas condições me vem um filme na memória, como foi possível regredir tanto se a grande maioria daquela moçada só andou para frente e alçou voos altos? O falecido Guidugli era um grande incentivador da prática esportiva por parte de crianças e adolescentes, o velho mestre foi um professor que realizava um projeto social voluntário que visava justamente manter os futuros adultos longe do universo das drogas.
O que leva as pessoas a mergulharem nas drogas são razões diversas que podemos discutir em outro momento, mas cada uma delas têm seu testemunho de desilusão. Talvez encontrem na fuga da sobriedade um falso rastro de esperança e felicidade ilusória.
Dia desses assisti um trecho de um documentário que traz à pauta o submundo das drogas em São Paulo, o crack criou uma geração de zumbis que vive à margem da miséria, sem a mínima preocupação com saúde, higiene, alimentação e outros fatores básicos para a sobrevivência humana.
Alguns anos atrás eu caminhava na Av. Brasil, no sentido Centro/bairro, de repente a chuva apertou e eu decidi parar numa aba em frente de um estabelecimento comercial. De repente me chamou a atenção uma moça que vinha caminhando no sentido oposto ao meu trajeto previamente interrompido. Na altura da calçada do Daer percebi aquela jovem mulher enfrentando a chuva torrencial, era muito magra. Quando cruzou a minha frente tive a nítida impressão de que estava muito drogada, caminhava com passos marcados, como se fosse uma robô. Já tem cerca de vinte anos que isso ocorreu, até hoje me recordo.
Algumas pessoas defendem a legalização das drogas, sou a favor da criminalização atual. Mesmo com a vigilância das autoridades, parece cada vez mais fácil o acesso a elas; é muito dinheiro em jogo. Uma campanha publicitária de alguns anos atrás foi muito feliz ao cunhar uma sentença definitiva: “As drogas não levam a nada. E ainda levam tudo”.
- O calor excessivo é o assunto principal nas rodas de conversas há várias semanas, realmente tem sido avassalador. Não me recordo de um verão tão longo em suas temperaturas extremas. Os dias mais quentes estão com as horas contadas, leitor. A partir dessa semana as temperaturas tendem a ficar mais amenas. A lamentação que irá prosseguir é relativa ao longo período de estiagem que deixa um enorme prejuízo ao agronegócio, conta que naturalmente será dividida com nós, consumidores.
Boa semana.