Acorda Cachoeira

Acorda Cachoeira

José Cesar Pereira da Silva Filho

    O 5º município do RS, destacado no cenário na primeira metade do século XX, perplexo não reage à estagnação. A cidade contava com ruas pavimentadas de rara qualidade e arte, praças públicas impecáveis, saneamento básico, indústrias de porte e fábricas de alimentos. No total havia mais de 160 estabelecimentos, sem contar o comércio intenso. A toda evidência, sofremos com as emancipações. Em 1832 perdemos Alegrete e Santana do Livramento; em 1857 Santa Maria, em 1959 foi a vez da 4º Colônia (Faxinal do Soturno, Dona Francisca e São João do Polêsine). Mais tarde, Agudo, Restinga Seca, São Sepé e Formigueiro. Por último, Cerro Branco, Paraíso e Cabrais. Deixamos não apenas territórios, mas, inteligências. O apagão entre as décadas de 1960 – 1970, surgiu em virtude do declínio da economia local, ante a leitura tardia de uma nova ordem lá do pós guerra de 1945. Não apenas a economia sofreu, a cultura foi atingida e a ânsia pelo novo e moderno não teve leitura adequada. O reflexo, símbolo do que refiro, foi a “reforma” da Igreja Matriz, de valor histórico inestimável e localizada em pleno Paço Municipal. Com absoluta indiferença do clero e da sociedade. O templo foi arrasado internamente, com altares e alfaias destruídas, imagens sacras desapareceram e nem mesmo ossadas de cachoeirenses antepassados ali sepultados ficaram imunes ao movimento. Foram finalmente repousar no Cemitério das Irmandades. Para surpresa, no início do século XXI, veio abaixo outro símbolo, altar da educação profissionalizante, que abrigou gente de talento e formou gerações. O mesmo silêncio, indiferença e omissão. Ninguém questionou, nem entidades de classe. O Senai desapareceu e com ele um pedaço de nossa memória. 

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