Parece que foi ontem, mas a tragédia ocorrida na boate Kiss em Santa Maria completa dez anos na sexta-feira. A Netflix lançou hoje uma série em quatro capítulos que revive todo o drama daquele início da manhã de domingo, em 27 de janeiro de 2013, quando o país acordou perplexo. “Todos os dias a mesma noite” é baseada no livro de mesmo nome escrito por Daniela Arbex. Dirigida por Júlia Rezende e Carol Minêm, a série refaz todos os caminhos daquela data que insiste em permanecer em nossas memórias, desde a preparação eufórica dos jovens para a festa badalada até a incessante luta de familiares das vítimas num comovente clamor por justiça.
Quando o sinalizador atinge a espuma de isolamento acústico o fogo lentamente começa a se alastrar na parte superior da boate. Até chegar o momento em que os jovens percebessem que aquilo não era parte do espetáculo transcorreu-se uns bons segundos. A fumaça tóxica começa a se espalhar e o pânico toma conta de centenas de jovens, naquele momento já estava difícil para respirar. A série resgata uma das cenas mais tristes do episódio, à época relatada por um bombeiro aos prantos: haviam várias dezenas de corpos perfilados, os celulares tocavam o tempo inteiro, eram os pais desesperados em busca de notícias dos filhos, sem saber que eles estavam mortos.
As investigações apontariam uma série de irregularidades, o que posteriormente fez com que os órgãos de segurança pública estabelecesem protocolos mais rígidos para liberar espaços de convivência coletiva para festas.
A série emociona do início ao fim, recuperando a atmosfera de tristeza de dez anos atrás. Foram 242 mortos, entre eles três cachoeirenses. Há uma década os familiares vivem todo o dia a mesma noite, tentando voltar no túnel do tempo para mudar o curso de uma história que dilacerou o coração de várias centenas de pessoas.
Por Paulo Ribeiro Silva
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