Quo vadis Brasil?

    Somos um povo pacífico? A história demonstra que não. No final do século XVIII (1798) ocorreu a Conjunção Baiana, conhecida como “Revolta dos Alfaiates”, inspirada na Revolução Francesa. Reuniu escravos, soldados e alfaiates. Pretendiam instaurar a república ante as péssimas condições de vida. Mas, seus líderes foram mortos e esquartejados. Ao início do século XIX a evolução Pernambucana foi protagonizada pela elite açucareira. Pregava a liberdade religiosa, liberdade de imprensa, defesa da propriedade privada, mas com a manutenção da escravidão. Todos os seus líderes foram mortos. Eram os ventos da Revolução Francesa chegando aqui. Na Revolta do Equador (1824) os protestos decorreram do autoritarismo de Dom Pedro I, quando o líder Frei Caneca foi eliminado. Em 1835 foi a vez da Revolta do Malês representada por um grupo de escravos (sociedade malê) islamizados que liam e escreviam em árabe, por isso driblaram a repressão do Estado visando eliminar brancos e pardos. Seus líderes foram punidos com a pena de morte. A Cabanagem (1835-1840) na Província de Grão-Pará, metade da população desapareceu pedindo participação política. Eclodiram a Praieira, Balaiada e Sabinada. Visavam a instauração da república, voto universal e extinção do Poder Moderador imposto pela Imperador na Constituição de 1824. Ao final do século XIX ainda Canudos, contrariando interesses dos “coronéis” e do Clero. A Revolução Farroupilha (1835-1845) na antiga Província do Rio Grande do Sul, foi considerada “vitoriosa”. Em razão não apenas da paz por iniciativa de D. Pedro II, como também pela anistia geral aos seus líderes e liberação dos escravos recrutados para a luta. No século XX foram quatro golpes de Estado. Em 1930, 1937, 1945 e 1964. Todos eles acabaram com a democracia debilitada. Em 1945 os militares depuseram o presidente Getúlio Vargas que depois voltaria pelo voto popular governado até seu suicídio em 1954 pelas pressões que sofreu. Em 1964, outro golpe depôs o presidente João Goularte legitimamente eleito. Os militares instauraram uma ditadura por 25 anos, impondo censura à imprensa, ceifando direitos individuais, com tortura e morte de opositores. Portanto, o momento atual serve para reflexão sobre os atos de violência recente às sedes dos poderes da República. Sem precedentes, em pleno Estado Democrático de Direito. Urge amplo pacto entre governo, instituições e sociedade para estabilizar a Nação. O Brasil ocupa lugar destacado na geopolítica. Homens e mulheres participantes da violência em Brasília um dia passarão e a Nação permanecerá. Certamente o que a história relatará não terá qualquer menção construtiva nas suas biografias, muito menos nas biografias de autoridades omissas ou negligentes. O que se observa atualmente em comparação com a história, a despolitização das massas mergulhadas no nihilismo cognitivo.

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