Moro num trecho da Rua Aparício Borges que é conhecido de toda a população local, por conta das inundações que ocorrem por aqui durante períodos de chuvas fortes, ultimamente nem precisam ser tão intensas assim. O trecho compreendido entre a Ricardo Schaurich e Araújo Porto Alegre fica tomado pelas águas em dias chuvosos, alguns motoristas fazem desvios, moradores ficam impossibilitados de saírem ou chegarem em casa nos períodos mais críticos. E ninguém faz nada. Engana-se quem pensa que o problema foi causado pelo asfaltamento, ele vem de uma época bem superior a isso. No final dos anos oitenta meu pai e um vizinho de descendência italiana já reclamavam das inundações, a indignação vinha antes mesmo do calçamento. Ainda não tinha canalização, mas as valetas abertas defronte às casas eram de pequeno diâmetro, irregulares e com pouco “caimento” no sentido que converge para uma sanga próximo às terras da família Longoni. Possuo uma rara lembrança, afinal era uma criança; mas um vizinho que mora à direita de minha casa reforça que a tubulação usada para o transporte da água pluvial foi de pequeno calibre, ele conta que desde o início acreditava que esses canos não seriam capazes de dar à vazão às correntes. Além disso, aponta o que eu também me recordo vagamente: como por aqui tínhamos muito “banhado”, à época a equipe da Prefeitura emendou canos a Deus-dará, montagem que resultou em desníveis que se tornaram caminho propício para o acúmulo de impurezas oriundas da imprudência humana. Sim, o que começou errado encontra o aval na irresponsabilidade humana; por isso só piora.
Certa vez estava em frente à TV, no ar a Propaganda Eleitoral Obrigatória. A candidatura do Partido dos Trabalhadores mirando a Prefeitura da cidade divulgou uma foto da quadra alagada, lamentando o abandono. Eleitos, nada fizeram para ao menos tentar resolver o problema. Ou seja, politicagem.
As melhorias que o poder público tem promovido na Aparício nos últimos anos visam desafogar a Av. Brasil, elas não se traduzem necessariamente em benefício que visam em primeiro momento aos moradores da via. Os residentes da quadra em questão se sentem ultrajados, tendo de pagar IPTU com uma reivindicação histórica que perfaz algo fundamental: a liberdade de ir e vir em todos os momentos, até quando chove.
O trecho esquecido da Rua Aparício Borges: até quando?
