Os mares da vida e as embarcações dos insensatos

O ano novo começa da mesma forma que seu antecessor: vários cachorros desnorteados pelo forte estampidos dos fogos de artificio sumiram de suas casas em pânico. A capacidade auditiva deles é ligeiramente superior em relação ao ser humano, conseguem escutar até o som de um grão de arroz que cai no chão. A aflição deles não decorre exatamente do medo, dói mesmo. Nos últimos anos começou-se questionar essa prática, também em respeito às inocentes crianças no período sagrado de seus sonos e aos enfermos acamados que naturalmente precisam da paz do silêncio. Então foram criadas leis proibindo a soltura, inclusive em Cachoeira do Sul. Mas o grande problema é que nem todos costumam cumpri-las, infelizmente infrigir as normas que regem nossa convivência coletiva é algo bem comum por parte de uma parcela de brasileiros. De forma que o ano é novo, mas já em seu início comprova-se que alguns velhos hábitos contestados por boa parte da população irão continuar.
Minha esposa fez um raciocínio interessante: “Como tem estabelecimentos vendendo, se é proibido?”. O inventário da discórdia começa exatamente na fonte: uma vez proibida a soltura, não se comercializa. Ainda lembra-se que o poder público cria leis, mas é incompetente no momento de cobrar a prática delas. Mantém a vigilância através de denúncias. Pasmem, até notificação através de e-mail são aceitas, quando deveriam estar de plantão para registrar flagrantes e exercer a punição prevista na referida lei. Às vezes um e-mail endereçado aos órgãos públicos demora uma eternidade de tempo para ser respondido, em alguns casos a pessoa até já morreu, infelizmente.
De resto, desejo um feliz ano novo aos leitores. Quem expõe sua opinião de forma pública sabe que jamais será consenso, sempre existirá alguém a nos contrariar, mas até por isso devemos agradecer a vida, ela é bela. Que em 2023 possamos continuar interagindo e aprendendo uns com os outros durante essa breve passagem temporária no plano material.

Os comentários estão encerrados.

Crie um site ou blog no WordPress.com

Acima ↑

%d blogueiros gostam disto: