O pão, o circo e os palhaços

Incrível a passividade com que o povo tem recebido dos gestores públicos a adoção de horários alternativos para que os servidores possam assistir aos jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo do Qatar. A prestação de serviço ao contribuinte é menos importante do que um jogo de futebol? Pelo menos tem sido esse o recado dado a cada partida do Brasil na Copa, o serviço público tem sido interrompido para que os funcionários possam ir para suas casas para assistir os jogos. Sexta-feira passada à tarde eu atendia uma senhora no Bairro Noêmia, como a TV de seu quarto não possui o conversor digital para sintonizar a RBSTV ela se manifestou preocupada, pois eu não poderia assistir ao jogo contra Camarões; prontamente respondi que não precisava se preocupar em hipótese alguma, seu atendimento em fisioterapia era muito mais importante. E aqui descreve alguém que adora o futebol, então não me interpretem como um chato a destilar seu veneno contra algo que julga ser sem fundamento. A vida não precisa ser interrompida por causa de jogos da Seleção Brasileira, está errado. Chegam ao ponto de fecharem postos de saúde em meio a campanhas de vacinação para comerem pipocas à frente da televisão. Alguns anos atrás me recordo de um episódio do programa Os Trapalhões, o quarteto que por décadas nos divertiu segurava uma cama elástica para aparar uma pessoa que pularia de um prédio em chamas, no axato momento em que o cidadão resolveu se lançar a turma escutou a sirene da hora do almoço e simplesmente abandonou o cidadão a Deus dará. Ou seja, há décadas atrás a galera do humor já dava a dimensão de nossa “seriedade” embalada num saco de risadas entre o pão, o circo e os palhaços.

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