O ódio nosso de cada dia

Já revelei numa coluna passada que votei a primeira vez com dezesseis anos, fui um dos adolescentes pioneiros a exercer o direito ao voto em 1989. Desde então, só não participei do pleito de 1992, impedido devido à prestação do serviço militar obrigatório. De forma que me considero um veterano em eleições. Eu vivo esse rito democrático com uma certa intensidade de quem acompanha o movimento político o tempo inteiro, não apenas durante as campanhas.
A polarização nunca foi tão ferrenha como nessa eleição passada. O ódio destilado de ambos os lados em todas as direções deixa resquícios de discórdia que causaram estragos até na célula familiar. Filhos brigaram com seus pais, primos romperam relações, e por aí vai.
Em 2022 o povo “se matou” por causa de diferenças políticas, literalmente. Você, leitor, viu na TV crimes com vítimas fatais em função de desacerto político, como as pessoas não estavam alinhadas dentro da linha de raciocínio, decidiram que era preciso eliminar umas às outras. A selvajaria virou manchete de jornal.
As pessoas são diferentes, desde os primórdios o ser humano chegou a essa conclusão. É a diferença que faz a vida ser menos monótona e mais bela. Todavia, o contraditório não precisa ser alavanca para impulsionar o ódio, afinal de contas somos todos aprendizes durante essa viagem passageira.
Não é sobre o medo de se posicionar, é sobre o respeito àquelas pessoas que pensam diferente, é um direito delas. Independente de quem vence uma eleição, quando o debate acalorado passa dos limites todos nós perdemos, não existe lógica no ódio cego que tenta adaptar o pensamento alheio ao nosso bel prazer.

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