Ana Clara (minha filha de 4 anos) teve uma feia alergia a brincos. Desde o primeiro brinquinho, nas primeiras semanas de vida. Tão lindo e bem posicionado, mas acabava infeccionando logo na primeira semana.
Juro, que sou uma mãe persistente. Tentei várias formas, pomadas e brincos. De ouro, de aço cirúrgico, hipoalergico. TODOS. Uns até surtiam efeito nas primeiras semanas, mas logo em seguida, eca, infeccionado.
E diante de todas as preocupações que um recém nascido traz, confesso que o brinco ficou deixado de lado. E o buraco na orelha, fechou.
Algumas semanas eu tenho voltado a campanha do brinco. Mostro modelos lindos, de vários cores e desenhos. Até o de unicórnio que é o foco da vez. NADA. O medo de furar a orelha é maior que a vaidade. Um dia quando fui buscar ela na escola, reparei que todas as amiguinhas estavam com brincos lindos. Me virei para a ela e disse: filha, todas as tuas amiguinhas usam brincos, vamos furar e ficar com as orelhas iguais as delas.
Mãe, não quero. É O MEU JEITO!
Foi aquele leve tapa na cara que só os filhos podem dar. Nunca mais toquei no assunto. Talvez com 14 anos este seja mais um dos 1637183 motivos que vai ter pra me odiar, mas por enquanto, assunto encerrado. É o meu jeito. O jeito dela. Único no mundo.
A infância talvez seja a época que mais sentimos liberdade para sermos do jeito que a gente quer ser. Quase que diariamente existe uma guerra antes de ir para a escola porque o penteado que ela quer, do jeito dela, é estranhamente bizarro para mim.
Quanto mais envelhecemos, mais ficamos medrosos. Medo do nosso jeito estranho não ser o jeito certo. Vamos ficando todos iguais.
Confesso que não sou uma pessoa muito ligada a moda, apesar de gostar de estar bem vestida, ultimamente só sei que a calça skin está ultrapassada (que pena adorava ela) e torço para que a cintura baixa, nunca mais volte. E pelo amor de Deus quem inventou o tal croped?
Acredito que a maior moda, é como diz a Ana, ser cada um do seu jeito. Com suas cores e cicatrizes. Suas escolhas. Cada um com seu gosto.
É necessária muita coragem para assumir o estranho jeito que cada um tem. Mas é isso que nos torna único. Com brinco ou sem brinco. Cada um com seu jeito.