Os cegos do castelo estão em extinção

Durante minha formação básica e mesmo nos tempos de graduação acadêmica sempre gostei de cultivar um hábito: sentar-se ao fundo da sala. Quem teve a oportunidade de estudar comigo deve se lembrar que eu fazia parte da turma do fundão, mas não era afeito a conversas paralelas, ficava o tempo inteiro concentrado no que verdadeiramente importava. Sentar rente à parede detrás da sala proporcionava uma sensação de poder, era de onde podíamos enxergar a todos, inclusive aqueles que usavam de recursos fraudulentos para promover chantagem nas provas, na tentativa de repassar a impressão de um conhecimento que não possuíam.
Do recolhimento interno num silêncio característico de pessoas concentradas nasceu a faculdade de observar as coisas para refletir sobre elas. Com a necessidade de observação naturalmente nasceu o senso critico em permanente busca de respostas para as equações do cotidiano ao qual me insiro.
Sei que alguns leitores me acompanham há vários anos, desde a época em que escrevia em jornais impressos. Na gênese de minha incursão pelos textos dissertativos há um convite para pensar. Eu creio que nos falta uma melhoria de nosso senso crítico, precisando também uma capacidade mais acurada para observar as coisas. Quem pratica o senso crítico de forma mais intensa não o faz porque é contra alguém, a ignorância é que propala isso aos quatro ventos; algumas pessoas trazem na personalidade a ânsia para consertar o que julgam serem situações injustas.
Às vezes uma única pessoa pode fazer a diferença na vida de várias. Como fez Rosa Parks, uma ativista negra norte-americana. Na década de cinquenta no estado do Alabama Rosa estava sentada em um ônibus público quando um homem branco requisitou seu assento, naqueles tempos o procedimento adotado era de que os brancos tinham preferência dos bancos, os negros nesse caso deviam ficar em pé. Rosa se negou a ceder seu lugar, foi um divisor de águas para conquistas importantes para os cidadãos negros nos Estados Unidos.
Observe e reflita, você não é obrigado a concordar com tudo aquilo que ocorre ao seu redor. E desconfie daqueles que se julgam senhores da razão o tempo inteiro, esses se dizem fiéis depositários da democracia, mas querem que você pense exatamente como eles, muitas vezes até defendendo aberrações e coisas estapafúrdias.

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